sábado, 19 de março de 2011

Espanto?

Eis...o que ainda te espanta? (fatos próximos e distantes)

Será mesmo que te espanta? (o que você tem feito? )

Pra mim,nada mais me espanta.(como você se comporta; age?)

Alias, penso: Serei mesmo um Ser Humano? (o que te incomoda?)

Nem uma informação correta consigo dar...(a indiferença pertuba?)

Talvez eu seja um produto de alguém...(quem realmente você é?)

O Outro (o irmão) ainda espera o seu breve olhar.(vamos reagir?) 


Artur
Singing Boy

sábado, 12 de março de 2011

Porta 382  
Manhã de 1985

Na entrada um pequeno portão cinza de madeira descascado, um muro de concreto decorado com plantas espinhosas e uma calçada organizada por pedras. Resolvo entrar.
Logo a esquerda vejo um jardim descuidado e um enorme pinheiro imponente. Sinto o cheiro da terra umedecida. A minha frente uma varanda de chão avermelhado todo encerado e uma porta com maçaneta estranha, a porta 382. 
Abro a porta e logo percebo que estou na sala. Observo com olhar atento um esplendoroso quadro de um pequeno índio, algumas poltronas velhas e um televisor antigo. Nesse mesmo tempo, olho para o chão e percebo que alguns tacos estão soltos e outros bem envelhecidos. Caminho adiante e entro em  um quarto a minha esquerda. Vejo um antigo guarda roupa, um grande espelho, algumas camas e uma janela de madeira, da cor do portão, corroída pelo tempo.
Retorno a sala e estou em frente a um corredor estreito. Caminho em direção a ele e,  em sua metade, a direita um novo quarto, mas resolvo não entrar. 
Ao final do corredor, ainda a  direita um banheiro. Consigo visualizar  apenas uma antiga banheira branca. Em seguida percebo uma porta que da acesso a cozinha. Vejo uma mesa, um violão sobre uma cadeira,  um gato preto, um fogão a lenha, uma torneira gotejando, um velho de cabelos grisalhos e uma velha de avental.
Ignoro-os e sigo em frente. Termino em um grande quintal de terra batida. Nele duas grande mangueiras, alguns animais, três cavalos de madeiras e alguns carros de pedra. Ainda no quintal sinto a presença de uma confeiteira de bolinhos de barro. Apenas sinto vontade de sorrir...melancolia.

Trecho de um de meus escritos intitulado: "Inversamente Proibido". 

Artur

Free Stock Photo of Ivy

terça-feira, 8 de março de 2011

O pai da criança

Crianças...pobres crianças...
Muitos querem que compreendam o incompreendido.
Querem que entendam o significado de desemprego, de pobreza, miséria, partidos políticos... 
Querem mais....
Querem encontrar um responsável por toda essa patologia social...
E quem será esse responsável?
Talvez EU. 
Talvez eu não tenha lutado pelas possibilidades que o chão duro avermelhado me oferecia...(falta de visão empreendedora)
Talvez eu tenha negligenciado, o  prato de comida aos filhos... a saúde...os estudos... eu nunca fui atrás mesmo...
Talvez eu não tenha me preocupado pela precariedade do meu lar destruído...nunca liguei pro frio que passei com as crianças...pelo esgoto a céu aberto...pelo andar descalço...sou realmente apático.
(risos) Mas esse sinto dizer, não sou EU.
Esse é o pai da criança.
Eu muito pelo contrário, tenho um emprego, adoro leite puro, cobertor, plano de saúde, internet, livros e não me esforço nem um pouco para imaginar a vida sofrida do pai da criança.
Penso que o  pequeno auxilio fornecido pelo governo é muito!
Penso que o pai da criança não gosta mesmo de trabalhar, de levar uma vida correta, de pagar as contas...
Penso que quando se quer, consegue! Quantos exemplos bem sucedidos temos!  
Ah...comida quentinha bem gostosa!Minha escola... 
E a criança sofrida, futuro jovem e adulto não consegue compreender o incompreendido. Por que isso ainda acontece?  
Talvez em parte eu, junto com o pai da criança,  seja responsável. 

Mas um dia a igualdade, a oportunidade, quer queira ou não, surgirá...  

Artur 


sábado, 5 de março de 2011

Pulsos Morais

O imoral me agredi. Tenho a impressão que não sou nada! Não no sentido da minha existência física, pois essa não há como negar, mas sim de minha "inconsistência moral".
Tudo aquilo moralmente apreendido se esvai pelo ralo do imoral. Me sinto um estrangeiro num território inimigo tentando pronunciar uma unica palavra. Os pequenos pulsos morais pronunciados são refletidos por olhares desconfiados, sorrisos sarcásticos e um silêncio absoluto. Não há envolvimento moral nas questões obvias. O contexto imoral também procura me atingir. A verdade existe. 
Percebo a "inconsistência do meu ser". As verdades as quais eu estimava tanto  não existem mais. Estou só.
O imoral e seus mil argumentos infundados tenta vencer o meu pobre ser. Tenta tornar-me inconsistente, ou melhor, simplesmente ninguém. E eu mesmo sendo "ninguém", no leito da morte, ainda tenho pulso,  e o pulso, diria Titãs, ainda...  

Jamais deixarei de questionar o imoral.


MISÉRIA
CORRUPÇÃO
ANALFABETISMO
NEPOTISMO
INTOLERÂNCIA...
continue a lista você também...

Artur
Sunwapta Falls Jasper